Número de vinícolas no RS cresce 70% em uma década
Nos últimos dez anos, três novas vinícolas nasceram por
mês, em média, no Rio Grande do Sul -Estado responsável por cerca de 90% da
produção de vinhos do país.
Atualmente, são 751 empresas, com aumento de 70% de
2001 para cá, de acordo com o cadastro vinícola realizado pelo Ministério da
Agricultura e pela Secretaria da Agricultura do Estado. O principal motivo da
entrada de novas empresas, que na maioria são de pequeno porte e com baixa
produção por hectare, é o bom momento do setor no país.
"A atividade está aquecida. A qualidade aumentou.
E o governo passou a dar mais condições de financiamento para investir em
máquinas e em tecnologia", diz João Valduga, proprietário da vinícola Casa
Valduga.
Para Júlio Fante, presidente do Ibravin (entidade do
setor), as empresas viram uma oportunidade de melhorar a receita. "É um
processo de crescimento."
A expansão se deve à entrada de investidores de outros
setores da economia e à decisão de produtores de uva, que antes as vendiam para
outras vinícolas, de fabricar seu próprio vinho. "Os empresários de outras
áreas trazem na bagagem a experiência em negócios, em gestão, e levam a
profissionalização para o mundo do vinho", diz Flavio Pizzato, enólogo e
diretor da Pizzato.
Segundo Mauro Zanus, pesquisador da Embrapa Uva e
Vinho, "eles já ingressam com uma estrutura de alta tecnologia, o que
favorece a qualidade da produção."
O empresário Deunir Luis Argenta, que atua no setor de
postos de combustíveis, resolveu investir em uma "paixão antiga". Com
o irmão, comprou as terras da antiga Granja União, em Flores da Cunha, e criou
a vinícola Luiz Argenta.
A vinícola, instalada dentro de uma rocha, com
arquitetura moderna, ficou pronta em 2009. "Trouxemos para a vinícola
tecnologias desenvolvidas nos postos de combustíveis, como o controle de
temperatura nos tanques", diz Argenta.
Imigrantes
O agropecuarista gaúcho José Antônio Peterle,
descendente de imigrantes italianos --com o "vinho no sangue", como
diz--, resolveu diversificar a atividade e resgatar sua origem. Em 2002,
começou a implementar os seus vinhedos em Dom Pedrito e criou a vinícola
Dunamis.
Após safras experimentais, lançou o primeiro produto no
mercado no final de 2010. "O vinho é como os casamentos à moda antiga, é
um negócio de longo prazo."
Em 2000, a Quinta Don Bonifácio, de Caxias do Sul,
começou a produzir uvas e as vendia para outras vinícolas. Sete anos depois, a
família começou a vinificar os próprios vinhos e espumantes.
"Com o aumento do consumo pelos brasileiros,
impulsionado pela entrada das bebidas importadas, enxergamos um novo nicho de
negócio", diz Marina Libardi, diretora comercial da vinícola e sobrinha
dos fundadores.
Antoninho Calza, proprietário da vinícola que leva seu
sobrenome, em Monte Belo do Sul, produzia vinhos para outras companhias.
"As empresas foram vendidas e ficamos sem ter para
quem comercializar. Tivemos de achar uma saída. Ampliamos a vinícola e
investimos em tecnologia para lançar nosso produto", diz Calza.
Apesar do aumento do número de rótulos, a maioria ainda
é desconhecida pelos brasileiros. Os empresários encontram dificuldades de
logística e de distribuição para levar seus vinhos além das fronteiras da
região Sul.
A jornalista ALESSANDRA KIANEK viajou a convite do
Ibravin.
Nenhum comentário:
Postar um comentário